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E se a gente governasse Pernambuco?

· Cartas à Queridagem

Cartas à Queridagem

Recife, 19 de novembro de 2021

Salve, queridagem!

Espero que esta cartinha te encontre bem, com saúde e pelo menos duas doses de vacina contra a Covid19 no braço. A pandemia não acabou, mas de uma coisa que a gente tem certeza: a vacinação salva vidas. Então se liga e não deixa ninguém que você ama dar a bobeira de não se imunizar. Mas hoje eu não quero falar de doença. Quero falar de futuro, de ousadia e de sonho. Hoje eu quero contar um pouco sobre minha vontade de ser candidato ao governo de Pernambuco pelo PSOL.

A real é que quando eu entrei no partido, durante um ato contra o golpe de 2016, minha intenção sempre foi ousada. Mais do que concorrer e ocupar mandatos. A ideia era (e é) transformar a política, chamando a atenção para a necessidade – e as possibilidades – de mudar as caras que disputam o jogo do poder. Interferir nas instituições, aumentar a transparência e as possibilidades de todo mundo participar da construção da democracia. Naquele ano, a nossa campanha foi linda e fez com que nosso ‘Cavalo de Tróia’ entrasse na Câmara Municipal do Recife com tudo. 

Até este segundo mandato como vereador, os aprendizados são incontáveis. Dos labirintos do poder legislativo, da proximidade cada vez maior com quem faz a luta todo dia, em dezenas de organizações sociais que atuam em diversas frentes na nossa cidade e no nosso Estado. São grupos que não apenas criticam o estado das coisas. Mas que estudam, que ouvem as pessoas e que queimam a cachola para propor soluções que, não raro, nossa gestão pública e até muita gente massa às vezes acham ‘ousadas demais’. Se é pra ouvir a ciência mesmo, porque não ouvir de verdade? E se é para estar na política, como medir as palavras num momento tão pesado quando se há novas possibilidades de se gerir o estado e de se transformar radicalmente políticas que evidentemente não dão certo?

Ouvindo mais do que tudo, tenho falado que, antes de construir novos hospitais, é preciso investir mais em atenção básica.  Temos que parar de comemorar o volume de atendidos num sistema de doença para se fomentar a saúde. Mudar a prioridade sobre o uso das polícias: ao invés de focar na prisão de pessoas com pequenas quantidades de drogas, dirigir nossos esforços para a investigação de homicídios e apreensão de grandes cargas das substâncias que ainda são proibidas. Defendo uma política de desencarceramento que vai desonerar o Estado e proporcionar novas possibilidades de vida para milhares de jovens negros e negras. Um plano estadual da maconha, para produzir medicamentos, roupas, cosméticos, além de gerar empregos e renda. Temos que tirar dinheiro da propaganda oficial na televisão pra financiar uma rede de comunicação pública, independente e comunitária. Criar incentivos para as cadeias produtiva da cultura, do turismo de base comunitária, da tecnologia, da pesca artesanal, da agricultura familiar e agroecológica. Focar na autoconstrução de mãos dadas com movimentos sociais para ampliar o direito à habitação. Também tenho defendido programas que garantam o direito ao aborto legal. Martelo sobre o atraso que é não ter políticas sérias de que convertam gastos imensos com a coleta de lixo em riqueza, com reciclagem e compostagem. E renda básica? Sou do time que sabe que ela é necessária, urgente e possível.

Nenhuma dessas ideias saiu da minha cabeça. Absolutamente todas são possíveis e poucas são novas. Só que, eleição após eleição, é difícil ver alguém ou algum grupo falando abertamente sobre essas possibilidades. É como se a disputa fosse sempre pra ver quem diz que vai construir mais hospitais, fazer mais estradas ou prender mais gente. Ou mesmo o genérico “combater a corrupção”, como se fosse tão simples. Sabe o que eu aprendi? Que corrupção se acaba com mais transparência e controle público do Estado. Que política de saúde é diferente de doença e que mobilidade não é diminuir o trânsito pra a minoria quem tem carro. Aprendi que prender gente não reduz necessariamente a violência. E tou doido pra dizer isso pra o Estado todo.

Em seu congresso mais recente, o PSOL definiu a possibilidade de compor uma frente de esquerda, em oposição ao PSB. Para isso, lançará uma pré-candidatura ao governo do Estado na intenção de coletivamente construir um programa que defenderemos juntos no ano que vem. Na intenção de cumprir esta tarefa, além de mim, se colocaram os amigos Paulo Rubem, (ex-deputado federal) e João Arnaldo, que foi nosso candidato a vice-prefeito do Recife no ano passado. Dois cabras arretados, em quem já votei e de quem gosto não é pouco. Mas hoje eu tenho muita confiança de que tenho melhores condições de enfrentar o desafio. Dialogo bem com todas as correntes do partido e tenho parceria cotidiana com uma imensa rede de organizações, coletivos e movimentos sociais que estarão junto com a gente sonhando esse Pernambuco lindo e possível – melhor ainda do que o inventado pelas propagandas do governo.

Eu preferia que houvesse prévias para que toda a militância do partido pudesse se posicionar, mas respeito o diretório estadual que definiu o formato de escolha. A nossa pré-candidatura será definida por um colegiado de 100 delegados e delegadas, escolhidas pelas correntes do partido, na proporção dos votos que receberam no congresso. O grupo em que participo, Semente, deverá ter 17 representantes. A Revolução Solidária, corrente que apresentou a querida Eugênia Lima como pré-candidata ao Senado (e ninguém ao governo) terá metade dos votos e será decisiva na escolha que está marcada para o próximo dia 22 de janeiro. Até lá, minha tarefa é seguir conversando com todo mundo, manter contato com as lideranças do partido e com você que acompanha essa caminhada junto comigo. A sua é conversar com quem puder e fazer esse movimento ganhar força dentro e fora do partido. Topas?

Ivan Moraes, vereador do Recife pelo PSOL.

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