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· Cartas à Queridagem

Recife, 9 de julho de 2020

Cartas à Queridagem,

Tudo em cima, queridagem?

Mais uma vez espero que esteja todo mundo bem de saúde e de felicidade. Que as pequenas alegrias do dia a dia nos deem cada vez mais esperança de atravessar todo esse tempo ruim que ninguém aguenta mais. Uma pia bem limpinha; as primeiras palavras de uma criança; um cuscuzinho bem feito e cheiroso; uma laive daquela artista maravilhosa; um reencontro com aquela amizade que mora longe e que agora ficou quase perto por conta desses aplicativos pra reunião à distância.

Eu preciso confessar que eu tenho pouca paciência pra ficar o dia inteiro conversando pela tela do computador. Segundas e terças pela manhã, então, é puxado. Tem sessões ordinárias da Câmara que às vezes só terminam à tarde ou que muitas vezes emendam com comissão. Nem conto mais as vezes em que tive que almoçar com o fone no ouvido acompanhando a reunião.

Mas tem umas reuniões que você chega sai mais leve e feliz. Foi assim essa semana, quando eu me encontrei com a galera que tá tocando as conversas sobre nossa pré-campanha. Sim, porque as eleições serão em 15 de novembro (anota aí), mas no final de setembro a gente já vai ter que estar com tudo pronto pra defender esse primeiro mandato e explicar para a maior quantidade possível de pessoas que vale a pena continuar nesse desafio.

“Pré-campanha” é esse período em que a moçada que vai botar a cara no santinho tem que se organizar. Ninguém tem como saber direito quando é que ela começa. Há quem diga que uma pré-campanha começa no momento exato em que uma campanha termina. Eu entendo esse jeito de pensar, mas acho ruim. Acho que prejudica muito o trampo de quem quer fazer diferente na política. Se você fica o tempo todo pensando nas urnas, como é que vai exercer com tranquilidade, competência e dedicação o mandato que conquistou?

Precisa a gente se lembrar sempre que isso aqui não é carreira. É missão. A conquista ou renovação do mandato não pode ser nosso principal objetivo o tempo todo.

Mas também não podemos demorar demais pra dar a largada. Até porque não é pouco o esforço pra se botar uma campanha na rua e, como também se diz muito na política, quem conta com menos estrutura partidária precisa se bulir o quanto antes para não chegar na hora sem saber o que vai fazer.

Pensar em propostas, entender quanto precisará (e poderá) investir, imaginar formas de conseguir captar essa grana sem comprometer nossa integridade, pesquisar e elaborar maneiras criativas e econômicas de se espalhar nossa história e, principalmente, saber com quem a gente poderá contar para a hora do pegapacapá.

Também tem as chamadas “ações de pré-campanha”, que é tudo aquilo que já dá pra fazer pra aumentar o interesse das pessoas por uma candidatura que ainda nem existe formalmente. É importante esforçar-se para fazer com que a figura pública seja mais conhecida, fazer com que suas ideias e posicionamentos cheguem à maior quantidade possível de gente que pode se interessar por esta construção.

Nestes meses que antecedem a campanha oficial ninguém pode pedir voto. Nem pode usar slogans, jingles ou a identidade visual que vai usar lá na frente. Apenas os partidos podem captar e executar recursos para estas ações, embora as pré-candidaturas já possam, apenas através de craudefande, começar a ‘passar o chapéu’. Mas o chapéu fica guardado, porque o dinheiro só pode ser gasto quando a justiça eleitoral acender o sinal verde.

E tudo isso tá ocupando bastante nossa turma esses dias. A galera do Agora é Com a Gente se dividiu em alguns grupos logo depois do Carnaval e estava até com um planejamento bem redondinho. Mas aí veio a tal da pandemia e nos pegou de calças curtas. Quem conhece o nosso jeito de fazer política pode até imaginar. Tínhamos a ideia de fazer um monte de festa, um ruma de reunião, uma túia de encontro, um mói de olho-no-olho. Hoje a gente sabe que não dá pra fazer nada disso sem assumir um risco para a nossa saúde e a dos outros. E isso, pra quem defende a vida das pessoas, como a gente, não faz nenhum sentido.

Mas algumas coisas já tão sendo adaptadas e aí a criatividade vai ser essencial. As “laives” têm substituído os eventos de rua, por exemplo. Não é a mesma coisa de jeito nenhum, embora haja algumas vantagens como convidar pessoas que vivem em outros lugares sem precisar ter despesas com passagens, por exemplo.

Uma das ações que eu mais gosto, e que não se limita ao período eleitoral, é o que a gente chama de “Café Com Ivan”.

A ideia surgiu ainda em 2016 e se repetiu em 2018, pelo interesse de aproximar a política de mais pessoas. Sempre convidado por alguém, eu participei de dezenas de encontros, a maioria deles na casa de quem chamasse. Pense numa coisa massa!

Fui no barraco e na cobertura, em todas as regiões político administrativas do Recife. Sentei em sofá, em chão, em tamburete e grade de cerveja. Sempre olhando no olho. Dando e recebendo ideia. Aprendendo como pensa e o que deseja tanta gente que não tá no cotidiano da política, mas que sempre é impactada com as decisões tomadas por quem está ‘no andar de cima’. Vixe, como eu gosto disso!

Esse ano, nesse momento, não tem como entrar fisicamente na casa das ninguém. Só que isso não vai me fazer deixar de trocar essa ideia. Semana retrasada mesmo me chamaram prum papo desse. Online mesmo, como manda a conjuntura. Conversei com oito pessoas que trabalham com psicoterapia. Pense num papo massa, chega saí mais leve.

Especialmente nesse momento de distanciamento, conversa com ‘gente nova’ é um alento.

Tu mesma (ou mesmo) que tá lendo essa carta, não quer juntar uma turma não? Só chamar. Galera da tua família, da pelada, da vizinhança, do grupo de zap de gréia. A gente marca uma hora que for boa pra a maioria, convida pelo aplicativo e conversa.

Só não vai dar (ainda) pra dividir o café. Mas jajá vai dar, porque esperança é um negócio que eu tenho de muito.

Além desse lance do café, se você estiver na instiga de participar da campanha da gente, pense nessa carta como um convite. De gente a gente precisa. E muito! Afinal de contas quem não tem grana tem mais é que contar com o compromisso militante de quem acredita na ideia que a gente também acredita. Cada corpo interessado em colar com a gente faz uma diferença que eu nem te conto.

Pra somar é só mandar o contato por qualquer inbox, de qualquer rede social em que eu esteja botando a cara. Se quiser apoiar outras candidaturas do PSOL e não sabe como, pode me perguntar também. Tem muita gente na fita e certamente trabalho não vai faltar.

Beijo grande e vamos em frente
Ivan Moraes

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